DIFAMAÇÃO

"Primeiro eles te ignoram, depois riem de você, depois te combatem, e enfim você triunfa."
Mahatma Gandhi

Uma breve página para desmentir as principais difamações espalhadas sobre a campanha e a organização por trás dela. Como diz Koffi Olimidé, cantor congolês, "Lokuta eyaka na ascenseur, kasi vérité eyei na escalier mpe ekomi" : mentiras pegam o elevador e a verdade vem de escada, mas uma hora ela chega.


WIKILEAKS REVELA QUE INVISIBLE CHILDREN É UM GRUPO DE ESPIÕES


Está sendo dito por aí que a WikiLeaks revelou que a Invisible Children trabalha ou trabalhou como informante para o governo de Uganda e que teria delatado para o governo daquele país um dos seus próprios idealizadores, e que este acabou sendo preso. Outra versão da história diz que a WikiLeaks revela que a ONG é uma espiã do governo americano em Uganda e que sua ação levou à prisão de um ex-soldado-criança envolvido nas negociações de paz. 
Essa história está encharcada de inverdades. Eis os fatos reais:

Patrick Komekech é um homem adulto e ex-membro do LRA, supostamente recuperado de volta para a vida civil. Este indivíduo praticou um crime de vigarismo com consequências graves: nos últimos anos, Komekech se fazia passar por um atual comandante do LRA e, jogando com esta farsa, participou de várias articulações entre autoridades, ONGs, entidades diversas e governos com o fim de extorquir dinheiro. Indivíduos e organizações envolvidos com a causa, como a Invisible Children, desconfiaram da manipulação e esta última fez uma denúncia formal às autoridades ugandenses. Patrick Komekech terminou preso e já não poderá mais jogar com a vida de milhares de pessoas, enganando inicativas sérias e esforços custosos apenas para acumular dinheiro à custa do conflito. O embaixador americano em Uganda na altura, Steven Browning, foi informado pela Invisible Children do ocorrido, do desenrolar do conflito em geral e das ações da ONG e seus parceiros no terreno. Como se houvesse alguma coisa estranha no fato da ONG tentar convencer o embaixador americano da seriedade da causa justamente quando essa mesma organização está implorando para que os EUA e demais potências ajudem os países afetados a eliminar o LRA.
Mais uma linda teoria da conspiração para o saco...



Breve nota: para quem não sabe, o pôster oficial da campanha (acima) retrata um elefante e um asno cujas cabeças se encontram. Neste cruzamento das imagens, elas perdem as cores que lhes distinguem e abaixo vem escrito a mensagem "uma coisa que todos podemos concordar". Este elefante é, na verdade, o símbolo oficial do Partido Republicano dos Estados Unidos (partido político do ex-presidente Bush, que detém praticamente metade dos cargos eleitorais nos EUA) e o asno é o símbolo do Partido Democrata (partido do presidente Obama, detentor da outra metade). A campanha, em sua origem, foi concebida para um público americano, e naquele país a sociedade é politicamente dividida entre aqueles dois partidos. O que o cartaz quer dizer é: "temos diferenças e opiniões irreconciliáveis mas há certas coisas na vida em que estaremos sempre de acordo". Uma dessas coisas, no caso, deveria ser um fato bem simples: um indivíduo que funda um grupo terrorista apenas com o objetivo de poder e enriquecimento pessoal, sem idealismo de qualquer sorte, se auto-declara o enviado de Deus, pratica canibalismo, realiza sequestros em massa de crianças, organiza matanças em larga escala, escravismo de meninos e meninas, que desabriga milhões de pessoas, desfaz milhões de famílias e desestabiliza vários países, bem, nós partimos do princípio que é um consenso entre todas as pessoas que esse homem deve ser detido a todo custo. Não era para ser assim? E, no entanto, por razões insondáveis, o asno parece sempre triunfar em nossa sociedade...


Sabe quando lemos nos livros de história que as pessoas no passado viram como coisas normais o tráfico negreiro ou a ascensão do partido nazista, algumas até defendendo essas coisas e combatendo as vozes contrárias, e não conseguimos entender como isso era possível? Pois é...









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